sexta-feira, 27 de maio de 2011

ESCLARECIMENTO DO MPF SOBRE RECOMENDAÇÕES

Segue abaixo notícia extraída integralmente do sítio da PGR-MPF.
http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_meio-ambiente-e-patrimonio-cultural/esclarecimento



Esclarecimento sobre recomendações do MPF sobre licenciamento de Belo Monte
26/5/2011
A recomendação é um instrumento previsto em lei usado pelo MPF para alertar autoridades públicas e particulares sobre irregularidades detectadas
1. Belo Monte é um projeto que apresenta inconsistências técnicas desde antes dos Estudos de Impactos Ambientais e que vai consumir mais de R$ 30 bilhões de dinheiro público, com gravíssimos problemas sociais, ambientais e financeiros apontados por cientistas e pelos atingidos. Nesse cenário, é normal que a atuação do MPF ao fiscalizar provoque tensões e o Conselho Nacional do Ministério Público seja acionado.

2.  Neste sentido, causa estranheza as sucessivas tentativas de intimidação contra os membros do Ministério Público Federal que vêm apontando irregularidades no empreendimento, tendo como capítulo mais recente o referido pedido de providências.

3. Essa é a terceira vez que o Conselho é acionado por causa da fiscalização do projeto de Belo Monte. As duas representações anteriores foram arquivadas por incabíveis – tanto a que buscava afastar o procurador Rodrigo Timóteo da Costa e Silva e o promotor Raimundo Moraes do caso quanto a que, mais recentemente, tentou afastar o procurador Felício Pontes Jr.

4. A recomendação é um instrumento previsto em lei usado pelo MPF para alertar autoridades públicas e particulares sobre irregularidades detectadas. É também recurso para deixar transparente, para os servidores públicos envolvidos no licenciamento e para os advogados da União, qual é o entendimento do MP sobre determinado assunto, com o objetivo de se tentar evitar a sua judicialização. No caso de Belo Monte, todas as recomendações foram sucedidas por ações judiciais que, ao contrário do que diz a AGU, ainda estão pendentes de julgamento.

5. Qualquer pessoa que consulte o andamento dos processos sobre a usina de Belo Monte poderá constatar que não é verdade que a Justiça tenha se pronunciado definitivamente sobre o caso, como a AGU insiste em afirmar no pedido de providências e em várias outras oportunidades, parecendo desconhecer a diferença entre decisões liminares e decisões de mérito.

6. Pelo contrário: apenas um de 10 processos iniciados pelo MPF chegou a transitar em julgado, com reconhecimento por todas as instâncias do Judiciário de que o procedimento do governo ao tentar licenciar a usina em nível estadual era ilegal. Outros quatro processos aguardam julgamento na segunda instância e cinco nem foram ainda apreciados no mérito na primeira instância.

7. O que a AGU chama de “decisões atestando a regularidade” do licenciamento de Belo Monte não passam, na verdade, de suspensões de segurança ou tutelas antecipadas – decisões urgentes, provisórias, precárias – obtidas para viabilizar a continuidade do empreendimento sem que se aguarde a conclusão do devido processo legal e que, como é sabido de todos, não precisam sequer analisar o mérito da demanda.

8. A AGU, embora alegue interesse numa solução rápida para as pendências judiciais de Belo Monte, pediu adiamento do julgamento da ação que está mais próxima de ter uma decisão final: aquela que discute o direito constitucional dos povos indígenas de serem ouvidos antes da decisão legislativa de construir a hidrelétrica. É justamente o assunto que levou o Brasil a sofrer sanção da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, já que se trata, além de previsão constitucional, de garantia firmada em tratado internacional.

9. Mesmo sendo questão fundamental para o caso, a AGU pediu que fosse adiado o julgamento do processo na véspera da sessão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que deveria ter acontecido no dia 22 de novembro de 2010. Alegou que precisava apresentar uma nova tese jurídica sobre o caso. O MPF espera que a AGU permita o julgamento mais célere dos processos sobre Belo Monte evitando o efeito do fato consumado e trazendo segurança jurídica à sociedade e e a todos os atores do processo.

10. O MPF vai continuar recomendando aos servidores do Ibama que respeitem a legislação ambiental, os direitos da sociedade brasileira e os pareceres técnicos do próprio Ibama, como fez quando o Decreto Legislativo 788/2005 foi sancionado em desacordo com a Constituição, quando os Estudos de Impacto foram aceitos incompletos, quando os pedidos de audiências públicas dos atingidos não foram atendidos, quando a Licença Prévia foi emitida em desacordo com os pareceres técnicos do próprio Ibama e quando uma Licença Parcial de Instalação sem previsão nenhuma na legislação ambiental foi liberada pelo governo.

11. Se o governo não atender a última recomendação do MPF, mais uma vez descumprindo a legislação ambiental e desrespeitando o direito da sociedade brasileira ao meio ambiente equilibrado, emitindo mais uma licença – dessa vez de Instalação - que contraria os próprios estudos e exigências técnicas do Ibama, o MPF voltará a acionar a Justiça, como é seu dever constitucional.

12. A busca perante o Poder Judiciário da defesa dos bens e direitos que cabe ao MPF promover jamais pode ser tachada de ameaça ou mesmo assédio moral, pois se trata do exercício das prerrogativas constitucionais e legais do MPF.

13. Finalmente, quando o assunto é intimidação, nunca é demais lembrar que as representações e ameaças de processo da Advocacia Geral da União contra membros do MP pela fiscalização do projeto Belo Monte estão entre os motivos que levaram a sociedade civil a denunciar o governo brasileiro à Comissão Interamericana de Direitos Humanos e mais recentemente à Organização das Nações Unidas.


Assessoria de Comunicação
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terça-feira, 24 de maio de 2011

CARTA AOS PAIS, AVÔS E BISAVÔS

Queridos Papai, Vovô, e Bisavô, tudo bem?
Escrevo esta carta para agradecer a vocês por tudo que fizeram para mim.
Eu nunca esquecerei vocês!! Principalmente por terem deixado o Mundo que deixaram! Sem árvores, animais, lixo por todos os lugares e poluição do ar e das águas. 
O ar atmosférico está uma maravilha!!! Imaginem que está cheio de dioxido de carbono!
Há dias que não consigo respirar e ver o céu de tanta fuligem que o encobre! Por isso, eu tenho que usar máscaras para me proteger e também poder respirar.
Os rios, mares e oceanos estão perfeitos!!! Vocês acreditam que estão cheios de óleos e outras coisas que nem sei dizer o que é!
Me disseram que há tempos distantes, na época que vocês eram os "donos" do mundo, havia peixes nos rios e nos mares!!!
Mas deve ser lenda, pois nunca vi um peixe! Nem sei como são realmente!!! Olhei algumas fotos e desenhos nos livros, mas não sei  realmente o que é aquilo???!!!!
É verdade que os rios, lagos, mares e oceanos eram limpos??? Alguns tinham uma coloração azul e outros verdes??? Imagina!!!!
Soube também que o céu era azul. Será verdade???
Hah, também soube que existiram animais das mais variadas espécies!!!
Havia também uma tal de Floresta Amazônica e um tal de Pantanal???
Vi as fotos e desenhos, deviam ser lindos...
Também quero agradecer a vocês pela falta de água e alimentos. Hoje em dia para beber água é muito difícil, pois foi limitado a quantidade de 5 litros de água por família!!!!
Inclusive há o tráfico ilícito de água!!! Pois é!! Com pena de morte para aquele que for condenado por transportar, trazer consigo, ter armazenado mais de 5 litros de água!!!
É lógico que se for um herdeiro famoso, uma autoridade das mais altas cúpulas econômicas, políticas, jurídicas e "celebridades" não se aplica a pena.
Na verdade, para tais pessoas tal delito não existe, pois somente quem os pratica são "PESSOAS DIFERENCIADAS"...
Eu também soube que havia uma variedade muito grande de frutas, legumes e verduras. Mas não sei realmente o que significa isto tudo, pois a minha alimentação é composta por três pílulas diárias.
E olha que eu tenho bastante água e pílulas, pois tenho o dinheiro que vocês deixaram para mim, o que permite comprar a minha ração diária de oxigênio, água e pílulas. Mas o dinheiro está quase acabando, pois esses produtos são caros!
Mas não tem problema, pois vocês foram muito bons para todos nós.
Afinal para que ter água, florestas, animais e oxigênio se havia outras coisas mais importantes, tais como ter mais dinheiro nos bancos e controlar a produção de alimentos!
É por tudo isso que quero lhes agradecer e dizer que nunca irei esquecê-los.
seus filhos, netos e bisnetos que não existirão no futuro próximo.
O texto acima que escrevi é fruto de uma conversa com um senhor que outro dia encontrei no vôo de Florianópolis para São Paulo.

Este senhor sentou-se ao meu lado e procurou conversar um pouco comigo.
Ele ao saber que eu trabalhava com a proteção ao meio ambiente, me agradeceu pelo que eu fazia e disse que começou a se preocupar com o meio ambiente porque o seu neto de seis anos de idade, ao vê-lo "varrer" o quintal da sua residência com um lavajato de água, disse-lhe: "Vovô, obrigada por gastar tanta água, eu nunca irei esquecer de você quando eu ficar grande e não tiver água para eu beber!!".
Ele me disse que ficou envergonhado com a atitude que ele, um homem de setenta anos de idade, até então havia tido com o meio ambiente. Na verdade ele nunca havia se preocupado com o meio ambiente. E que o seu neto o fez pensar sobre o que ele realmente iria deixar para os seus netos e bisnetos. 
Então, a partir daquele dia em diante, ele resolveu mudar os seus hábitos.
Este Senhor é diretor de uma indústria de alimentos.
Após este diálogo com aquele senhor eu também resolvi mudar a minha forma de abordar o meio ambiente.
Portanto, eu pensei o seguinte: quem sabe se as mulheres e homens que são executivos, políticos, artistas, desportistas e todos nós seres humanos, pensarem no mundo que vamos deixar para os nossos filhos, netos e bisnetos,  talvez consigamos mudar nossas atitudes para com o Planeta Terra.
Distribuam esta carta! Pense no futuro do planeta como aquele senhor pensou. Quem sabe assim conseguiremos ter uma convivência harmoniosa e equilibrada entre todos nós.
Maria Galleno

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A QUESTAO DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LEI NOVO CÓDIGO FLORESTAL E O DESMATAMENTO NO BRASIL

O projeto de lei do novo código florestal, relatado pelo deputado Aldo Rabelo, está levando a uma corrida ao "desmatamento desenfreado" que está ocorrendo no Brasil. Isto porque, com a aprovação do projeto haverá uma ampla, geral e irrestrita anistia a todos aqueles que desmataram.
É isto que nos alerta o relatório produzido por Laurent Micol, Ricardo Abad e Sérgio Guimarães, do ICV, - Instituto Centro da Vida, entidade com  atuação no Mato Grosso , que abaixo segue.
Portanto, há necessidade urgente de todos nós membros da sociedade civil unir-mos para defender o direito constitucional de um meio ambiente sadio, conforme nos garante a Constituição Federal, art. 225.


LEIA O TEXTO:

Proposta de alteração do Código Florestal provoca corrida ao desmatamento em Mato Grosso

Aposta na anistia do desmatamento ilegal leva à volta dos megadesmatamentos
Laurent Micol, Ricardo Abad e Sérgio Guimarães, Instituto Centro de Vida - ICV
Cuiabá, Mato Grosso, 03 de maio de 2011
Nas últimas semanas acumularam-se provas de que está ocorrendo uma forte retomada do desmatamento no estado de Mato Grosso. Dados do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), do Imazon, já indicavam uma tendência de alta de 22% do desmatamento e de 225% na degradação florestal entre agosto/2010 e março/2011, com relação ao mesmo período do ano anterior. No mês de abril, operações de fiscalização realizadas pelo Ibama e divulgadas na mídia local e nacional revelaram o reaparecimento de casos de megadesmatamentos (desmatamentos acima de 1.000 hectares), que haviam praticamente desaparecido em Mato Grosso nos últimos três anos. O ICV mapeou o desmatamento recente em três municípios do centro-norte do estado, confirmando a tendência.
Nos meses de agosto/2010 a abril/2011, identificamos 66 novos desmatamentos no município de Nova Ubiratã, totalizando cerca de 37 mil hectares (Figura 1).
No mesmo período, no município de Santa Carmem foram 24 novos desmatamentos totalizando 9 mil hectares e, no município de Cláudia, 22 novos desmatamentos totalizando também 9 mil hectares. No período de agosto/2009 a julho/2010, o desmatamento nesses municípios havia sido de 2.300, 1.200 e 700 hectares, respectivamente. O aumento nesses três municípios, somente até o mês de abril, já foi de mais de 1.200%.
Até o momento, a maior parte dos grandes desmatamentos detectados foi na região centro-norte do estado, que é a primeira a ter abertura da cobertura de nuvens. Nessa região predomina o plantio de grãos em grande escala. No entanto, com o final da estação chuvosa, podem aparecer grandes desmatamentos também nas regiões norte e noroeste. Com base nessas informações, alertamos que a taxa de desmatamento no estado de Mato Grosso, que havia caído abaixo de 100 mil hectares em 2010, pode voltar nesse ano aos níveis do período de pico, de 2001 a 2005, quando a média foi de 900 mil hectares por ano (Figura 2).
Figura 2 - Evolução da taxa de desmatamento em áreas florestais de Mato Grosso, 2000-2011
Fonte: Prodes/INPE (dados até o 2009/2010)
Segundo informações de campo, o que está acontecendo é uma corrida para desmatar grandes áreas o quanto antes, visando aproveitar-se da anistia do desmatamento ilegal prometida pela proposta de alteração do Código Florestal. Essas ações estão sendo realizadas à revelia da lei em vigor, com a expectativa de impunidade, mesmo sabendo que certamente haverá fiscalização do órgão ambiental. Como demonstrado por várias análises, nas autuações por desmatamento ilegal, apenas um percentual ínfimo das multas são pagas.
Essa retomada dos desmatamentos em Mato Grosso baseada na aposta da alteração do Código Florestal também ecoa a atuação do próprio governador do estado, Silval Barbosa, que, em 20 de abril do corrente ano, sancionou uma lei do zoneamento estadual que prevê a possibilidade de regularização ambiental para áreas desmatadas até a data de sua publicação e, ainda, pretende isentar de reserva legal propriedades abaixo de 400 hectares, em franca contradição com a legislação federal.
Essa situação pode gerar consequências dramáticas não somente em termos ambientais, mas também políticos e possivelmente econômicos para Mato Grosso e para o Brasil. Mato Grosso vinha sendo responsável por mais de 60% da redução do desmatamento na Amazônia desde 2005, fator primordial para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa contidas na Política Nacional de Mudanças Climáticas. Nesse contexto, a retomada do desmatamento constitui um retrocesso inaceitável e uma demonstração concreta de que a proposta de alteração do código florestal atualmente em tramitação no congresso nacional é extremamente nefasta, assim como foi a sanção da lei do zoneamento de Mato Grosso. É fundamental que o governo federal atue com a máxima urgência, tomando as atitudes necessárias, inclusive junto ao congresso nacional, para reverter essa situação e assim evitar maiores prejuízos à natureza e à sociedade brasileira.

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