quinta-feira, 24 de junho de 2010

AS CATÁSTROFES AMBIENTAIS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE URBANIZAÇÃO

Na semana passada e nesta semana, as manchetes dos principais jornais da Europa, da América do Norte e do Brasil traziam algo em comum: as inundações causadas pelas chuvas em várias cidades da Europa, da América do Norte e do Brasil.

Na França, o departamento de Var foi atingido na terça-feira passada (dia 15) pela tempestade Xynthia, que destruiu grande parte do departamento. E, causou a morte de 53 pessoas no fim de fevereiro. O senado francês se movimentou e começou uma investigação sobre as causas reais que levaram a tais acontecimentos. No pré-relatório que foi apresentado pelo Senado, consta que além das causas climáticas, o DESCASO humano, ou como consta no relatório a "FALHA HUMANA À MODA FRANCESA", agravou as conseqüências da tempestade. Conforme o pré-relatório, a inundaçao é o principal risco natural da França. Tal ocorre pelos seguintes motivos: há falta de coordenação entre os vários setores responsáveis pela gestão e avaliação dos riscos ambientais; há falta de políticas de prevenção para essas áreas de riscos ambientais, falha dos sistemas de alerta dos riscos; há descontrole do Estado em permitir construções em áreas de riscos ambientais, com uma política de urbanização descompromissada com as questões ambientais.  Além disso, o relatório aponta que parece haver uma falta de memória crônica dos riscos a que estão sujeitas as pessoas que habitam áreas sujeitas a constantes inundações, posto que passado a tragédia, as pessoas voltam ocupar as áreas.

No Canadá, a cidade de Midland, em Ontário, nesta quarta-feira (dia 23), foi atingida por uma forte tempestade que destriu casas, deixando um grande número de desabrigados e milhares de pessoas sem energia elétrica.

No Brasil, o acontecimento das catastrofes causadas pelas constantes inundações, não nós causam mais surpresas, pois tornaram-se rotineiras. As últimas dessas catrástrofes aconteceram no nordeste do Brasil, no último final de semana (19 de junho), destruíndo municípios dos Estados de Alagoas e Pernambuco, e causando a morte de 53 pessoas até o momento.

No Estado de Pernambuco há 17 mil desabrigados e 24 mil desalojados. E, o Estado de Alagoas contabiliza cerca de 74 mil desabrigados e desalojados.

Transformando essas informações em dados econômicos, os prejuízos causados pelas inundações nos Estados de Alagoas e Pernambuco giram em torno de um bilhão e trezentos milhões de reais.

Comparando a notícia do ocorrido na França e no Canadá, com os últimos acontecimentos no nordeste brasileiro, ficam as questões a serem respondidas:
Será que não está na hora do governo brasileiro deixar de responsabilizar o aquecimento global (e DEUS) pelas catástrofes causadas pelas inundações e fazer uma mea culpa, e assumir sua responsabilidade por essas catástrofes?
Será que não podemos dizer que tais "acidentes naturais" são conseqüências de políticas de urbanização voltadas a atender o poder econômico e compromissadas com o meio ambiente?

Fica a minha proposta: Vamos todos juntos pensar sobre tais questões? Vamos todos juntos deixar de teorizar sobre tais questões e passarmos a exigir a efetividade e concretização de políticas públicas urbanisticas compromissadas com o meio ambiente e com a sociedade?

veja o sítio francês:
http://www.lexpress.fr/actualite/environnement/le-var-apres-le-deluge_900889.html?XTOR=EPR-582