segunda-feira, 24 de maio de 2010

Continuaçao - Uma pequena história: cuidando do meio ambiente e da vida

Capítulo II - a reunião (continuação)

Após as explicações de Julia sobre os tipos de lixo, Dr. Vicente, médico do centro de saúde do bairro, perguntou se poderia intervir na discussão. Pois havia algumas considerações que gostaria de expor.
Julia disse que sim.

Dr. Vicente explicou que o acúmulo do lixo leva ao aparecimento de baratas, moscas, escorpiões e ratos. E, como conseqüência, muitas doenças se manifestavam, tais como: alergias, peste bubônica, leptospirose, cólera, dengue, diarréias, infecções respiratórias, esquistossomose, febre tifóide, hepatite infecciosa. Além disso, conforme dados publicados na Agenda 21 Global, documento assinado por 170 países, do encontro ocorrido em junho de 1992, denominado de Rio-92, sediada no Rio de Janeiro, não menos de 5,2 milhões de pessoas, entre elas 4 milhões de crianças menores de 5 anos, morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com o lixo. Os resultados para a saúde são especialmente graves, principalmente no caso da população mais pobre.

Neste momento, foi um zumzumzum geral das pessoas, pois eles não imaginavam que tantas doenças pudessem se manifestar em conseqüência do lixo.

E, então, na porta de entrada do bar, Zezinho, um garotinho muito maroto, perguntou se o lixo causa tantos problemas, então por que se produz tanto lixo? Todos os presentes riram, e alguém respondeu: Ora! Que pergunta mais tola. Se produz tanto lixo, porque sim!

Julia interrompeu a discussão e disse que a pergunta de Zezinho não era sem sentido. Pois o lixo se produzia devido ao consumo. E, quanto mais se consume, maior é a produção de lixo. Além disso, outro fator que leva ao aumento de lixo é a produção de materiais artificiais, gerados pelo desenvolvimento tecnológico. Um exemplo desses materiais é a garrafa PET e as fraldas descartáveis, que não se degradam em curto espaço de tempo.

Neste momento, alguém no fundo da sala disse: “Então é fácil acabar com o lixo, basta parar de consumir e não utilizar garrafas pet e fraldas descartáveis.” Foi uma risada geral. João, muito indignado respondeu: “Vamos parar com gracejos! Por favor, Profa. Julia continue.” Todos ficaram calados, e Julia continuou com a explicaçao.

Senhores, disse ela, não é preciso parar de consumir, apenas que o consumo seja responsável. Significa que devemos comprar apenas o que é necessário e saber como cuidar do nosso lixo. Saibam que aproximadamente 90% dos produtos que entram em nossa casa saem como desperdício.

Curioso, o Zezinho, perguntou: A senhora pode me dizer qual o destino dado ao lixo? E, o que fazer com o lixo?

Bem Zezinho, conforme for o tipo de lixo, o tratamento e o destino serão diferentes.

O lixo tóxico, o industrial, o rejeito radioativo e parte do hospitalar recebem tratamentos diferenciados: são incinerados ou acondicionados em depósitos especiais. No caso dos dois primeiros, novas tecnologias buscam diminuir sua produção através do seu reaproveitamento. Quanto ao rejeito radioativo, normalmente são colocados em grossas caixas de concretos e outros materiais para em seguida jogá-los no mar ou enterrados em locais especiais. Porém, essas condições de armazenamento para este lixo é preocupante, pois essas caixas podem se desgastar com o tempo e abrir, contaminando o meio ambiente e provocar um grande desastre ecológico.

A título de curiosidade, o Mediterrâneo recebeu 50 toneladas de rejeitos produzidos na Itália; as águas do Atlântico engoliram nada menos de 126 000 toneladas de tambores repletos de lixo dos reatores de seis outros países europeus. Os Estados Unidos despejaram no Oceano Pacífico 370 metros cúbicos (os países nem sempre adotam as mesmas unidades de medida) de material radioativo.

O uso do mar, como depósito de rejeito radioativo deixou de ser usado a partir de 1986, pois um acordo internacional, determinou que o mar somente poderia ser usado quando ficasse provado que a água é capaz de diluir os elementos radioativos, sem prejuízo para a fauna e a flora marítimas.

Quanto ao lixo atômico a Revista Superinteressante publicou uma matéria, na qual explicava como vários países tentam livrar-se dos resíduos de suas instalações nucleares, eis alguns exemplos:

- Estados Unidos - Até 1982, os rejeitos eram depositados na superfície ou jogados ao mar. Em 1983, o lixo de alta atividade foi levado para uma mina de sal no Estado do Novo México, desativada em seguida por falta de segurança. Hoje esse material está guardado no deserto de Nevada, enquanto 600 000 metros cúbicos de rejeitos de meia-vida curta se encontram espalhados por diversos depósitos.

- União Soviética - Existem 35 depósitos superficiais de cimento revestido com chumbo.

- Inglaterra - Desde 1986, com a proibição de lançar o lixo ao mar, procura-se um lugar para enterrar o lixo de alta atividade. Para os rejeitos de baixa atividade, construíram-se depósitos de cimento próximos a usina nuclear de Windscale Sellafield, no nordeste do país.

- França - Todo o lixo está nos armazéns da usina de La Hague, no noroeste do país; estuda-se o solo de quatro regiões para construir até 2007 um depósito de grande profundidade.

- Alemanha - O material de alta atividade é tratado na França e depois transportado para minas de sal no norte do país. Só os rejeitos da usina nuclear de Niederaichbach, desativada em 1983, foram enterrados a 1 200 metros de profundidade, numa mina de ferro desativada.

- Suécia - Em 1988, inaugurou o primeiro depositário subterrâneo do mundo, a 140 quilômetros de Estocolmo, um conjunto de câmaras construídas em rochas de granito, com paredes revestidas de cimento e chumbo.

- Japão - No ano passado, cientistas começaram a estudar a possibilidade de construir depósitos no fundo do mar, aproveitando o fato de que os sedimentos marinhos são muito pouco permeáveis.

No Brasil, foi publicada uma lei federal específica (Lei n. 10.308, de 20 de Novembro de 2001), que estabelece sobre o destino final dos rejeitos radioativos que são produzidos no território nacional.

A Resolução Conama n° 5/93, classifica os resíduos sólidos industriais e hospitalares o em quatros grupos:

1)GRUPO A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido a presença de agentes biológicos. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções, secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área contaminada; resíduos advindos de área de isolamento; restos alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial; resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e animais mortos a bordo dos meios de transporte, objeto desta Resolução. Neste grupo incluem-se, dentre outros, os objetos perfurantes ou cortantes, capazes de causar punctura ou corte, tais como lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados, etc, provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde.

2)GRUPO B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas. Enquadram-se neste grupo, dentre outros: a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados; b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não-utilizados); e, c) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da NBR-10004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, infl amáveis e reativos).

3)GRUPO C: rejeitos radioativos: enquadram-se neste grupo os materiais radioativos
ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

4)GRUPO D: resíduos comuns são todos os demais que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente.
Quanto ao lixo comum – também denominado de lixo urbano, é composto pelo lixo doméstico, público e comercial. A responsabilidade pela coleta do lixo urbano – é dos municípios por meio do serviço de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, que são serviços públicos de saneamento básico.

O lixo comercial, industrial e de serviços cuja responsabilidade pelo manejo não seja atribuída ao gerador pode, por decisão do poder público, ser considerado resíduo sólido urbano; e, poderá ser coletado pelo serviço de limpeza urbana.

Portanto, a primeira coisa a fazer com o lixo, é separá-lo, e armazená-lo corretamente. Para em seguida dar o tratamento e destino adequado a cada um desses resíduos. Daí a importância da reciclagem e da coleta seletiva.

(Continua.......)