terça-feira, 4 de maio de 2010

SUSTENTABILIDADE E MODISMO

Hoje comecei cedo. E, como não estava com sono, resolvi "zapear" na internet. Neste passeio, encontrei um artigo cujo título é "Sustentabilidade é uma bobagem". Com tal título, é lógico que atiçei minha curiosidade em lê-lo.
O autor, Lourenço GIMENES, é arquiteto e urbanista. E, no texto faz algumas considerações sobre a questão de sustentabilidade na arquitetura. Questiona o modismo e o apelo das construturas sobre edifícios sustentáveis. Diz o autor que tudo isso é bobagem que tomou conta da mídia. E justifica esse seu entendimento dizendo que a sustentabilidade é onipresente na arquitetura: "a boa arquitetura já nasce sustentável".
Explica o autor, que a boa arquitetura moderna brasileira já incorporava de forma simples e eficaz a idéia de sustentabilidade.
Confesso  que não entendo nada de arquitetura, apenas observo uma construção como olhos da estética, do belo e do feio. Sou leiga, uma "analfabeta" na matéria. 
Entretanto, como apaixonada pelo meio ambiente, pela natureza na sua totalidade, sempre questionei determinadas construções, pois diante delas me sinto visualmente e fisicamente desconfortável. Tal ocorre porque não consigo "sentir" em tais construções a integração com todo o meio ambiente. Afinal, o construído pelo homem é meio ambiente (denominado de meio ambiente construído ou meio ambiente cultural)!  Além disso, não vejo em tais construções funcionalidade prática. E, no meu ponto de vista, integrar o construído com o natural também deve levar em consideração a funcionalidade.
Concordo em parte com o autor. Realmente, existe em algumas construções uma integração com o meio ambiente. E  em contrapartida, há sustentabilidade.
Por outro lado, devemos dizer que existem muito mais construções com essa falta de integração. E, talvez aqui eu cause um desconforto muito grande nos arquitetos, engenheiros e cultuadores de Oscar Niemeyer, em cujas construções eu não consigo ver nem sustentabilidade, nem funcionalidade.
Uso como exemplo Niemeyer, justamente porque ele é considerado como o marco da moderna arquitetura brasileira. E, principalmente por observar que a grande maioria dos arquitetos e engenheiros seguiram esse modelo.
 Não posso negar a beleza das construções, mas vejo-as apenas como aparência. Um exemplo da falta de funcionalidade e sustentabilidade dessas construções: Viajava constantemente à Brasília, para fazer pesquisas na biblioteca do Supremo Tribunal Federal. E, me sentia desconfortável no local, pois a biblioteca é toda de vidro, faz um calor excessivo, necessitando de ar condicionado. Portanto, penso que, se um local que deve proporcionar um mínimo de conforto aos seus usuários (pois não é fácil ficar horas e horas em uma biblioteca), necessita de ar-condicionado para amenizar as temperaturas, essa construção não é sustentável, prática e funcional!!!
Isso se repete na grande maioria das construções, que não são práticas, funcionais e sustentáveis no sentido de integração e complementação com o meio ambiente. Não adaptáveis ao nosso clima tropical.
Um outro ponto que observo nas construções atuais, é a falta de integração com a cidade.
Atualmente as construções são verdadeiros clubes privados! Esse é o apelo da mídia e das construtoras de edifícios residenciais e comerciais: "Tenha tudo dentro do seu edifício, de academia até lavanderia, sem sair do seu mundinho particular".
Talvez o que necessitamos é de arquitetos e engenheiros que vejam a cidade como um todo. 
Precisamos de arquitetos e  engenheiros que pensem na natureza, se inspirem em Gaudí e Burle Marx.
Assim, quem sabe teremos realmente sustentabilidade, sem necessidade de apelos insustentáveis!